Há algumas coisas das quais sinto falta. Como me esquecer de amigos dos quais me distanciei, estabelecimentos que eu frequentava e se fecharam ou grandes amores que partiram dessa para uma melhor? Eu costumava pensar que tudo o que acaba nunca chegou a ser verdadeiro, mas seria muito injusto comigo mesma e todas as memórias que carrego nas costas. Foi então que eu cheguei a conclusão de que a vida é como um livro e algumas coisas são como linhas. As 300 páginas precisam de pequenos fragmentos para formá-las, mas não podem possuir sempre o mesmo texto até o final. Uma boa e verdadeira história é cheia de altos e baixos que são muito importantes para o desenvolvimento da mesma. Acredito que, na prática, algumas coisas das quais não valorizamos tanto são como arroz e feijão: é bom, mas costumamos ter sempre, por isso só tem graça para quem, infelizmente, não os tem. Outras das quais geralmente sentimos falta são como sorvete: extremamente gostoso e refrescante, mas só é tão especial porque não cai na rotina. E, finalmente, os jilós que a vida trás: amargos e difíceis de engolir, mas no final fazem bem pra saúde e algumas pessoas até passam a gostar de comê-los.
A conclusão que tiro é a de que algumas coisas são passageiras na nossa vida para continuarem sendo especiais na mesma intensidade em que foram desde o início. Existem momentos que passamos que não devem ser registrados e muito menos eternizados. As lembranças e a saudade são os fatores que os tornarão eternamente lindos no nosso íntimo. Porém, é claro que esses momentos sempre continuarão a fazer parte das coisas das quais sinto falta. Apenas não quero me esquecer jamais de valorizar o arroz e feijão, aproveitar ao máximo o sorvete e aprender infinitamente com os jilós.
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